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Toda sexta-feira do ano é dia de abstinência de carne e penitência

“A abstinência de carne nas sextas-feiras me ajuda a formar uma disciplina pessoal e a dar um tom realmente católico nas circunstâncias concretas do dia a dia”, disse à ACI Digital Bruno Carlos da Silva Camargo, 39 anos, de Americana (SP). Embora a prática seja mais comum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, a Igreja estabelece todas as sextas-feiras do ano como dias de penitência e abstinência de carne.

“O sentido espiritual da abstinência de carne na sexta-feira remete ao dia da Paixão, Morte e Ressurreição do Nosso Senhor”, disse à ACI Digital o padre Eldinei Carneiro, mestre em Direito Canônico. “Nos lembra o dia em que Cristo sofreu por amor a cada um de nós e nos dá força para que possamos nos elevar, crescer, progredir, no sentido espiritual”.

Bruno viu esse progresso espiritual na própria vida quando percebeu que “o pecado da gula (em sua dimensão de querer comer apenas aquilo de que se gosta) me influenciava e acabava arrastando para outros pecados”.

Ele contou que soube desta disciplina da Igreja quando discernia a vocação em um seminário. “A princípio não me pareceu difícil abster-me de carne em todas as sextas-feiras do ano que não coincidissem com alguma solenidade, afinal de contas no seminário essa disciplina era facilmente observada”.

Depois de deixar o seminário, ele sentiu “o peso de ter de assumir minha postura católica no que diz respeito até mesmo ao modo como tomar os alimentos em um ambiente hostil” no mundo do trabalho. “Aos poucos essa preocupação em não parecer estranho aos demais cedeu lugar a uma determinação que mostrava a mim mesmo que se não conseguisse vencer o respeito humano nesta área não seria capaz de me dominar em mais nenhuma outra área da vida ordinária”.

É obrigação dos fiéis fazer penitência

O Código de Direito Canônico, lei que orienta a vida e o ministério da Igreja, diz que “todos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência” e para isso estabelece que “os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma”.

“As sextas-feiras são dias penitenciais porque fazemos memória da Paixão do Senhor e como participação nos seus sofrimentos, porque Ele padeceu nesse dia”, disse o padre Eldinei.

“É como se fosse um luto, é como se a gente estivesse no sepulcro com o nosso Senhor, é como se nós participássemos da sua dor”, continuou o padre.  “É a mortificação da carne, dos desejos, dos impulsos em função de algo maior. Para dizer que nós temos o controle do nosso corpo”.

O catequista Thiago Moraes, professor de Filosofia e Teologia, contou à ACI Digital que tem o costume de abster-se de carne e fazer penitência “pois exercita a nossa força de vontade fazendo com que a nossa razão se sobreponha aos nossos desejos corporais”.

“Isso nos fortalece para que, quando aparecerem coisas ruins, a gente esteja mais fortalecido”, disse.

Toda sexta-feira do ano é dia de abstinência de carne

 “Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na Quarta-Feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo”, diz o cânon 1251.

“Muitas pessoas não conhecem esse cânon e não conhecem em profundidade as práticas espirituais e dicas de penitência que a Igreja aponta”, disse o padre Eldinei, atribuindo esse fenômeno à “falta de uma maior orientação da própria Igreja, dos pastores, daqueles que estão à frente do povo de Deus”.

Constituição Apostólica Paenitemini, de Paulo VI, diz que os dias de penitência devem ser guardados obrigatoriamente em toda a Igreja. Também diz que a “lei da abstinência proíbe o uso de carnes, mas não o uso de ovos, laticínios e qualquer condimento que contenha gordura animal”.

“Se os fiéis tivessem conhecimento”, continuou o padre, cumpririam “a abstinência com tranquilidade assim como o fazem na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão”.

No Brasil, pode-se trocar a abstinência de carne por outra penitência

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) permite a substituição da abstinência de carne por uma obra de caridade, um ato de piedade ou comutar a carne por um outro alimento. Isso está previsto no cânon 1253, que diz: “a Conferência dos Bispos pode determinar mais exatamente a observância do jejum e da abstinência, como também substituí-la, totalmente ou em parte, por outras formas de penitência, principalmente por obras de caridade e exercícios de piedade”.

Qual a idade para fazer abstinência?

“Estão obrigados à lei da abstinência os que completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. Todavia os pastores de almas e os pais procurem que, mesmo aqueles que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da abstinência e do jejum, sejam formados no sentido genuíno da penitência”, diz o cânon 1252.

Para o catequista Thiago, mesmo que as crianças não estejam obrigadas à penitência, é importante educá-las “com pequenas coisas, não de modo taxativo, nem colocado como obrigação, mas sim como oferta generosa”.

“Por exemplo, nos dias de penitência não ter sobremesa, ou não ver um desenho, ou alguma pequena coisinha que faça os pequenos entenderem que é um dia diferente”, concluiu.  

Fonte: ACI Digital

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